Enquanto passeava à beira do rio, recordava
memórias daquele lugar... Aproveitei, então, para rever os meus amigos: a Corsa Vitória, o Coelho
Vitorino e vejam lá, até vi o Esquilo Manel que costumava andar sempre
escondido.
Sessenta metros acima daquela zona, não sei bem porquê, comecei a
recordar-me de coisas más. Passado um bocado, cheguei à conclusão que a minha tristeza provinha daquele lugar: era
ali que eu falava com
aquele peixe de baixo nível.
Comecei a correr para de lá sair, não queria
passar nem mais um segundo ali. Quando já ia a abandonar o local, vocês nem
sonham o que eu vi! Vi aquele peixe falso, covarde, e vocês nem imaginam onde
ele estava. Tinha saltado outra vez para apanhar uma mosca e estava outra vez
prestes a morrer.
O Peixe, quando me viu, disse:
- Oriana, salva-me por favor!
Eu até tinha a varinha na mão e podia salvá-lo,
mas disse:
-Ah, agora já queres a minha ajuda, não é !?
-Sim, por
favor!
-Agora vou-te fazer sofrer! Sofrer!
O peixe, já a dar as últimas, implorou:
-Oriana, desculpa por tudo, se me salvares, a
minha gratidão vai ser eterna para contigo!
Então, eu lembrei-me de quando ele tinha dito
aquilo há uns meses atrás e me tinha traído, por isso, pensei um bocadinho e
cheguei a uma conclusão.
-Odeio mentirosos, e ainda mais covardes, por isso,
hás de aí morrer asfixiado, óóóhh peixinho!
Momentos depois, acabei por abandonar o local, mas
deixei-o morrer por uma boa razão, pois, mais à frente dizia: «Zona de Pesca» e
eu achei que mais valia morrer asfixiado do que morrer pescado e acabar na mesa
de sei lá eu quem!
Gonçalo Rodrigues
Esta imagem veio daqui.